quarta-feira, 30 de maio de 2007

Como a neurociência tenta explicar os mecanismos de atração, conquista e cópula entre homens e mulheres — e entre indivíduos do mesmo gênero


Joana e Pedro estão deitados. Eles acabaram de fazer sexo. Ela se sente tão feliz, relaxada e conectada a ele que, enquanto estão ali, abraçados, não consegue deixar de imaginar como seria bom se eles namorassem, casassem e tivessem filhos. Enquanto isso, a única coisa em que ele pensa nesse momento é em dormir (talvez também em comer alguma coisa antes). Depois disso, ele já estará preparado para o sexo novamente - seja com Joana ou com outra. Não, Pedro não é um cajafeste sem sentimentos. O que acontece é que eles estão saindo juntos há cerca de duas semanas e essa é a primeira vez que vão para a cama. Seus cérebros ainda não formaram as conexões necessárias para estabelecer uma ligação duradoura - apesar de o de Joana estar mais inclinado a isso.
Como acontece com toda mulher, os hormônios de Joana tornam seu cérebro mais preparado para uma conexão romântica de longo prazo do que o de Pedro, mais apto a perseguir o ato sexual. Um dos responsáveis por essa diferença é a oxitocina, hormônio relacionado à ligação afetiva, ativado, entre outras coisas, pelo contato físico. Os níveis dessa substância são maiores no cérebro feminino do que no masculino (podem ser dez vezes menor nos homens); assim como os níveis de testosterona (o impulsionador do desejo sexual) são muito maiores nos homens.
O único momento em que os níveis de oxitocina masculinos se aproximam dos femininos é durante o orgasmo. Quando ejacula, o homem se conecta completamente à mulher. Os hormônios testosterona e vasopressina (o equivalente da oxitocina para os homens) - que fazem com que o homem alcance o seu objetivo maior na vida, o sexo - perdem espaço para a oxitocina. A substância química predominantemente feminina domina o cérebro masculino por esse curto período. Mas logo os níveis de hormônio se ajustam (é o tempo daquela dormidinha que Pedro está desejando depois do sexo) e tudo volta ao normal. "Para o cérebro masculino, o romance é um meio de conseguir sexo, enquanto para o feminino, o sexo é um meio mais provável de conseguir um romance", diz o pesquisador Michael Gurian, autor do livro "What Could He Be Thinking? How a Man's Mind Really Works" ("O que ele está pensando? Como a mente masculina funciona"), ainda sem tradução no Brasil.

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