
DO QUE ELES TÊM MEDO? PIOR DO QUE UMA MULHER QUE FALA O QUE PENSA É UMA QUE ESCREVE
Por Tatiane Bernardi
Quando eu tinha 20, 22 anos, choviam homens querendo namorar comigo. Eu era uma menininha perdida, com um Corsinha todo batido, semivirgem e com medo de ir para a praia aos finais de semana e deixarminha mãe sozinha. Choviam homens. E homens interessantes, juro.
Aí agora, com quase 30, moro sozinha, ganho bem, me tornei loira, aprendi a fazer coisas legais como torta de palmito e striptease e... nada. Os caras até se apaixonam por mim, se declaram, coisa e tal, mas nada de me levar ao cinema de mãos dadas. Eu, meu guarda-roupas fashion, meus livros publicados e meu apê moderno vivemos sozinhos. Que éque eu tinha com 20 anos que não tenho mais? Não, não era um corpo melhor. Juro que tô melhor agora, que tenho como pagar o Paulão, meu personal. Também melhorei de cabelo, de pele, de sorriso, de voz. Meusamigos mais antigos tão aí pra confirmar. Sempre que me encontram, comentam:“Nossa, Tati, como você ficou melhorzinha com os anos!” Então, qual é o problema?
Será que me falta aquela pureza que eu tinha com 20 anos? Poxa, mas eu não era exatamente pura, era só bobinha. Daquele tipo mala que espera chegar ao motel pra falar pro cara: “Sabe o que é? Não tô a fim,não”. Que homem gosta disso? Hoje em dia, se não tô a fim, não dou nem bom-dia. Será que os homens sentem falta de quando eu era estagiária, com a mesadinha suada da mamãe? Pode ser. Homem é meio tosco e sempre se sente mais seguro com uma menina aprendendo o que é a vida. É mais fácil ser o rei do sexo com uma inexperiente, ou ser o rei do bom gosto gastronômico com uma garota que paga o McDonald’s comtíquete-restaurante. É, eu exigia e assustava menos naquela época. Mas será que é só isso mesmo? Descobri que não.
Passei os últimos meses encarando todo e qualquer relacionamento como estudo antropológico e desvendei o grande mistério da minha solidão: os caras têm medo, na verdade, das minhas letrinhas. Dá pra acreditar?
PERDER O MISTÉRIO
Eles acham que, se não forem bons o suficiente na arte do acasalamento, no dia seguinte vai ter um texto meu com o título “Tudo o que é bom dura pouco, mas dois segundos não é rápido demais?”. Eles acham que, se não forem inteligentes o suficiente durante o jantar, no dia seguinte não vão escapar à minha crítica:“O que sobra dentro da calça falta dentro do cérebro”.
Já teve cara que me pediu: “Se você for me largar, promete que me conta antes de publicar? Não queria ficar sabendo pela internet!” E teve também o clássico: “Putz, gata, você já foi logo escrevendo que adoroua noite de ontem, que está apaixonada... Ficou muito fácil, perdeu a graça”.
Tem de tudo. Do cara que não sustenta namorar uma mulher que não só tem passado (alguém com 28 anos não tem passado?) como resolveu escrever um livro sobre ele ao cara que fala: “Tanto texto bonito para outros caras e nenhunzinho pra mim? Não quero mais sair com você!” Outro dia, ouvi de um cara que tava me paquerando: “Não, não vou comprar seu livro, vai perder o mistério!”
É aí que está o problema. Eu escrevo sobre a minha vida e isso causa nos machos um misto de medo (“será que ela vai me expor?”) com quebra de magia (“ah, ela se expõe demais ali, prefiro aquela mulher muda e sempersonalidade que sempre vai ser um mistério para mim”). Entrei numa baita crise. Tirei meu site do ar e tudo. Repensei a vida, repensei a morte da bezerra, aumentei a terapia, voltei pra meditação. Mas depois cheguei a uma conclusão maravilhosa e definitiva: nenhum homem, até hoje, me deu mais prazer do que escrever. Então, que se danem eles.
Por Tatiane Bernardi
Quando eu tinha 20, 22 anos, choviam homens querendo namorar comigo. Eu era uma menininha perdida, com um Corsinha todo batido, semivirgem e com medo de ir para a praia aos finais de semana e deixarminha mãe sozinha. Choviam homens. E homens interessantes, juro.
Aí agora, com quase 30, moro sozinha, ganho bem, me tornei loira, aprendi a fazer coisas legais como torta de palmito e striptease e... nada. Os caras até se apaixonam por mim, se declaram, coisa e tal, mas nada de me levar ao cinema de mãos dadas. Eu, meu guarda-roupas fashion, meus livros publicados e meu apê moderno vivemos sozinhos. Que éque eu tinha com 20 anos que não tenho mais? Não, não era um corpo melhor. Juro que tô melhor agora, que tenho como pagar o Paulão, meu personal. Também melhorei de cabelo, de pele, de sorriso, de voz. Meusamigos mais antigos tão aí pra confirmar. Sempre que me encontram, comentam:“Nossa, Tati, como você ficou melhorzinha com os anos!” Então, qual é o problema?
Será que me falta aquela pureza que eu tinha com 20 anos? Poxa, mas eu não era exatamente pura, era só bobinha. Daquele tipo mala que espera chegar ao motel pra falar pro cara: “Sabe o que é? Não tô a fim,não”. Que homem gosta disso? Hoje em dia, se não tô a fim, não dou nem bom-dia. Será que os homens sentem falta de quando eu era estagiária, com a mesadinha suada da mamãe? Pode ser. Homem é meio tosco e sempre se sente mais seguro com uma menina aprendendo o que é a vida. É mais fácil ser o rei do sexo com uma inexperiente, ou ser o rei do bom gosto gastronômico com uma garota que paga o McDonald’s comtíquete-restaurante. É, eu exigia e assustava menos naquela época. Mas será que é só isso mesmo? Descobri que não.
Passei os últimos meses encarando todo e qualquer relacionamento como estudo antropológico e desvendei o grande mistério da minha solidão: os caras têm medo, na verdade, das minhas letrinhas. Dá pra acreditar?
PERDER O MISTÉRIO
Eles acham que, se não forem bons o suficiente na arte do acasalamento, no dia seguinte vai ter um texto meu com o título “Tudo o que é bom dura pouco, mas dois segundos não é rápido demais?”. Eles acham que, se não forem inteligentes o suficiente durante o jantar, no dia seguinte não vão escapar à minha crítica:“O que sobra dentro da calça falta dentro do cérebro”.
Já teve cara que me pediu: “Se você for me largar, promete que me conta antes de publicar? Não queria ficar sabendo pela internet!” E teve também o clássico: “Putz, gata, você já foi logo escrevendo que adoroua noite de ontem, que está apaixonada... Ficou muito fácil, perdeu a graça”.
Tem de tudo. Do cara que não sustenta namorar uma mulher que não só tem passado (alguém com 28 anos não tem passado?) como resolveu escrever um livro sobre ele ao cara que fala: “Tanto texto bonito para outros caras e nenhunzinho pra mim? Não quero mais sair com você!” Outro dia, ouvi de um cara que tava me paquerando: “Não, não vou comprar seu livro, vai perder o mistério!”
É aí que está o problema. Eu escrevo sobre a minha vida e isso causa nos machos um misto de medo (“será que ela vai me expor?”) com quebra de magia (“ah, ela se expõe demais ali, prefiro aquela mulher muda e sempersonalidade que sempre vai ser um mistério para mim”). Entrei numa baita crise. Tirei meu site do ar e tudo. Repensei a vida, repensei a morte da bezerra, aumentei a terapia, voltei pra meditação. Mas depois cheguei a uma conclusão maravilhosa e definitiva: nenhum homem, até hoje, me deu mais prazer do que escrever. Então, que se danem eles.
Um comentário:
Nossa, adoreeeeei o texto!!! Adorei o jeito como ela escreve!!
Qual o site dela??? Quero muito continuar lendo =D
Abraços
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